quinta-feira, 23 de abril de 2015

Formigamentos

Um dia qualquer
Andei como quem nada quer
A um passo de amar um próximo
Mas no compasso de andar no máximo
Da ignorância pela ganância
Da estupidez sem sensatez
Fiquei enfurecido e fui cruel
Deixei parte de mim e fui infiel
Memória, pensamento e ação
Contrariado pela emoção fui leviano
E naquele instante de repente
Não me senti como gente
Nas análises e reflexões do momento
Um cimento teria sido mais concreto do que eu
Abalado pela pequenez de um sentimento meu
Condenei um condenado
Seu corpo não mais reside
Sua vida não mais existe
Fiquei consolado pela vingança
De ter assassinado um comparsa meu
Na graça da disfarça
Não consegui esconder
Minha própria esguia farsa
De ser quem sou eu
Bem no fundo de quem fui
Até o raso de quem sou
Hoje um vazio permanece
Totalmente preenchido com nada
E sem ancoragem alguma me desfaleço
E de tão ruim pelo que fiz
As ruínas são meu presente
Serão eternas, pois carrego um infeliz
Que matou uma formiga por ter matado
Seu pé de Litchi Chinensis